quarta-feira, 7 de abril de 2010

Karma is a bich.

[É assim, eu demorei cerca de um mês a escrever este texto e passado mais 2 messes vou FINALMENTE publicalo. É um seguimento das minhas histórias de mortes. É grande, beem grande, aviso'vos já. Conheço quem não tenha paciência para ler estas coisas e compreendo perfeitamente. É diferente dos outros textos de morte que escrevi pois estava a passar uma fase um tanto complicada quando o escrevi. Enfim, see ya@]

Primeiro Aqui jaz, mais um corpo no meio de tantos., depois A consciência tem peso. e agora :


O tio morto foi pela tia.
A tia matou-se com o peso na consciência.
E o sobrinho de ambos, por nascer.
Já todos sabemos o que vai acontecer.
Alguém tem que morrer!

A mãe da futura criança já se encontrava no hospital à várias horas.
As contracções haviam começado quando estava em casa.
Iniciaram-se um tanto forçadas.
Mãe estava em casa banhada em lágrimas.
Cada lágrima que caía pela sua face morena, carregava toneladas de dores!
Ainda lhe custava crer que sua irmã, dois seres humanos feitos do mesmo sangue!, tinha morto seu próprio irmão.
Desde esse dia que Mãe odiava sua própria irmã.
Mas esse ódio todo sentido por ela, não lhe poupou dor alguma.
Agora, chorava a morte da assassina. 

Gritos de dor, capazes de gelar cada ser vivo que se encontra-se por perto, equavam pelos corredores daquele hospital.
Era noite de ano novo.
Aliás, faltavam 2 minutos.
E o parto começou.

Fazia hoje um ano que o seu irmão tinha sido morto.
Estava sentada na cozinha a relembrar as saudades, as memórias, a falta que sentia pelo seu querido irmão.
Para se abstraír, inocentemente, vai ver o correio.
Não quis acreditar no que carta se encontrava no meio de "contas para pagar".
A assassina tinha escrito uma carta.
O ódio subiu-lhe à cabeça e as saudades do irmão aos pés desceram.
Quando abriu a carta e a absorveu por completo, simplesmente.. 

Tanta gente ali.
Caras aterrorizadas com aqueles gritos de agonia.
Não era a primeira vez que dava à luz, mas certamente que seria o seu pior parto.
Pior e último..
Já tinha sido anestesiada, já tinha tomado calmantes para o bem de ambos (mãe e filho), mas não surgiam efeitos.

As dores itensificavam-se a cada minuto e o ódio cada vez mais matava ambos.

Agarrada à barriga cheia de dores no chão da cozinha.
Era assim que se encontrava a Mãe.
Tinha tido uma quebra de tensão com tanta emoção junta, e caíu da cadeira.
Ainda se tentou agarrar à toalha de mesa, mas de nada lhe serviu.
Caíu de lado.
Instantaneamente agarrou-se à barriga com dores.
As águas arrebentaram-lhe e tudo começou.
10minutos depois estava a caminho dos hospital. 

Ela pensava que não, mas ainda tinha.
Tinha forças para fazer aquele ser vivo ver pela primeira vez, respirar a primeira golfada de ar.
Os médicos corriam pela sala.
Pegavam toalhas para limpar o sangue.
Medicavam a Mãe.
Mexiam-lhe nas partes baixas.
Tentavam trazer mais uma vida para este mundo cruel.

Ela só conseguia pensar na sua irmã.
Ela podia odiá-la.
Podia não a querer ver nem banhada de oiro.
Mas não deixava de ser irmã!
Aquela com quem partilhou tudo durante a infância.
Aquela que possuí, nas estradas daquele corpo, o mesmo sangue.
Ambas saíram da mesma vagina, ambas partilharam o mesmo útero!
Tão distraída que a Mãe estava ..
Os pensamentos, as horríveis saudades, as maravilhosas memórias, a sua irmã!, fizeram-na esqueçer o que estava a fazer.
Dar à luz mais um filho. 

Já era visível a cabeça.
Aquela pequena cabeça, com uns tantos cabelinhos cobertos de sangue.
Sangue e o líquido mucoso da piscina de onde veio.
As enfermeiras correram logo para o ajudar.

Pegaram com jeitinho na sua delicada cabeça e proferiram em uníssono a famosa frase "É agora, FORÇA!"

Com tanta coisa em que pensar, não se apercebeu da ordem.
Continuou a chorar de dores de parto e de angústia.
Foi retirada do mundo abstracto para o real pela enfermeira que a chamava mesmo ao seu lado..
"Força Mãe, força! É agora!"
Ele lá fez força e com esta soltou um grito.
Grito este que assustou tudo quanto era vida.
Médicos saltaram.
Enfermeiras estremeceram.
Moscas que estavam pousadas na sala de espera ao fundo do corredor, começaram a voar.
Pássaros que descansavam nos galhos das árvores nuas do parque de estacionamento foram afungentados por tal agonia e dor em som.

Saíu.
Ligeiramente, mas já começou a sair.
Já tinha a cabeça toda de fora e os ombros visíveis.
Mal isto aconteceu ele deu sinal de vida.
Começou a inspirar e a expirar rapidamente.
A garganta e os pulmões começaram-lhe a arder e ele berrou.
Voz rouca, alta, profunda.
Parecia mais um ronco que um grito de um recém-recém-nascido.

O primeiro sinal de vida do seu filho fez Mãe voltar às recordações.
Lembrou-se das idas à praia com a irmã quando eram pequenas.
Iam passea à beira mar, apanhar conchinhas..
Visitavam as grutas e ficavam a escutar o som do mar a bater nas rochas.
E ali ficavam tardes e tardes, tranquilas, a ouvir aquele roncar incansável.
E com esta lembrança, relaxou.
Fez tudo inconscientemente, mas fez.
E quando se apercebeu, foi tarde demais.. 

Da mesma maneira que saíu, entrou.
Sugado por uma força tão forte como a que o empurrou para fora do ventre.
Uma vez lá dentro, nada podia ser feito.
Ainda de goelas abertas, a inspirar, entrou para a piscina de onde saíu.
E o que encontrou, não foi apenas ar.

"Não Mãe, não! Relaxar agora não, por favor! Oh meu deus! Força, FORÇA!"
Click.
Apercebeu-se do que tinha feito.
E, gritando e gemendo outra vez, fez tanta força quanto pode.
Ouviram-se outra vez os gritos do bébé.
E sem pensarem duas vezes, as enfermeiras puxaram-no para fora.
Mãe, ainda não tinha apercebido que ele já tinha saído e continuava a fazer força.
Fez enquanto pode e desmaiou. 

Os médicos tentavam reanimar a Mãe.
Não eram bem sucedidos.
O bébé soluçava nas mãos das agitadas enfermeiras.
Estas já não sabiam o que haveriam de fazer.
O filho já só soluçava, pois chorar era mentira.
Tinha engolído as águas onde durante 9messes esteve.
Engolíu ar, sangue, líquidos vaginais e mucosidades.

Já é de adivinhar o que vêm aí..

Estava inconsciente.
Sentia-se leve e livre.
Sonhava que estava com o irmão e com a assasína da irmã.
Sonhava que tudo estava bem.
Ouvia um murmúrio de vozes a chamar por ela, mas ignorou-as.
Continuou no seu bom e duradouro sonho.
Mal ela sabia que haveria de ser o seu último sonho.. 

Eles gritavam.
Eles chamavam-a.
Eles abanavam-a.
Eles reanimavam-a com aqueles choques eléctricos.
Eles fizeram de tudo durante 15 longos minutos.
Mas aqueles esforços, de nada serviram.

Hora de óbito da mãe: 00:23.
Hora de óbito do filho: 00:17.

2 comentários:

Qéé disse...

também quero morrer.

João disse...

depois desta so tu podes morrer,de tedio
que paciencia para escrever tudo isto
so para ter um final infeliz
mas tu es a felicidade
esse teu sorriso esbanja aquilo que és
simpatico e panilas como eu